Peguei o computador sem saber muito bem sobre o que iria escrever, pois o
estava fazendo somente na intenção de amenizar um sentimento indefinido que
estava no meu peito, o qual mais se assemelhava com a angústia. Mas que não era
nada além do que a inquietação vinda da inspiração de escrever. Sempre tive
esse sintoma, com o tempo percebi que era preciso pegar a caneta e o papel (na
maioria das vezes) para expor pensamentos que tinham a necessidade de serem
repassados, avaliados e reordenados.
Esses "chamados" são mais frequentes durante a madrugada.
A madrugada é cheia de expectativas,
de áureas e de questionamentos. Para as pessoas que, assim como eu, conseguem
entender o potencial intelectual desse horário, concordam no quanto nele é
possível se aprofundar em sua própria realidade ou fantasia. Nesse período, o
silêncio e a solidão estão nítidos, assim como a concentração e a
sensibilidade. Então se estabelece uma atmosfera ideal para a minha criatividade,
que jorra como petróleo.
Sinto uma pena e uma revolta imensas por morar em um país violento e não poder sair por aí, no meio da noite, para organizar meus pensamentos, buscar inspirações, ou ,simplesmente, caminhar pelas ruas e Enjoy the silence. Sentar em um banco para olhar o céu, respirar fundo, me sentir viva, parte integrante do universo, para assim, me permitir ter liberdade de usufruir de todo o poder imaginativo que o escuro proporciona.
Isso é exatamente o que me encanta na letra de " Music of the Night", do meu musical preferido, O Fantasma da Ópera.
Ouça:
A noite aguça
Acentua as
sensações
A
escuridão emociona
E desperta
a imaginação
Silenciosamente
os sentidos
Abandonam
as defesas ...
A noite possui algo que eleva meu espírito, é mágico. No entanto, como tenho a quantidade de cabelo proporcional a de juízo, me conformo em escrever de frente para a janela da minha sala, onde posso olhar o céu e em algumas noites, com sorte, ver a lua.
Termino esse texto me perguntando como as pessoas podem estar dormindo.